ASSIM É MINHA ARTISTA......(OU POEMETRIA)...

I

É nos traços métricos e mágicos,

vagando livres e túmidos,

pelos terços de tela,

que você renasce,

ao aspergí-la de cores.

I I

É nela, então,

que imprime,

numa ciranda de luzes refratadas,

um crivo de amor, desesperado,

que se esvai dos dedos...

...e cai

-- "Sentimetrado" --

Sorvido de Su'imortalidade!

I I I

Em cada gota agônica de óleo,

palpita, ancha e aflita,

A alma da mestra.

No seu sangue,

a cor mais rubra se agita,

dando vida à catedral anímica,

onde, abissal, a arte, afinal, transita...

I V

Que Deus proteja,

a tua mente

e mãos benditas...

E conserve,

eterno e forte,

o teu melhor motivo!

2ª PARTE: O TRABALHO!

“ UM QUADRO EM NEGRO “

V

Sinto a fúnebre visão das anormalidades

no seu quadro em negro, espatulado.

A impressão do Céu brumoso,

em sua densa atmosfera de assombro,

é um instante soberbo de agonia...

A expressão do horizonte é mística,

e vesgas as vagas que o limitam.

V I

Os troncos toscos retorcidos,

por sobre o rio assimétricos projetados,

parecem a sua alma aflita,

a versejar por entre ramos aleijados.

V I I

Na ponte,

há uma fresta de vertigem

que une extremos foscos de fuligem.

V I I I

E o meu espírito ali está,

vergado à noite sombria,

Impregnado dos tons mais pretos,

que você, a feliz artista, cria! (12/11/2006)

F I N A L

A VISÃO - UM SONHO

APOTEÓTICO

Nos capitéis encastelados dos meus sonhos,

eu a vejo, criadora e criatura -- a Transfiguração!

Eu a vejo, entre metálicos arcanjos,

no ventre de nuvens multicores.

Na lírica procissão de landaus de fogo,

eu a vejo, cavalgando em quartéis do infinito.

Eu a vejo, enfim, a esgrimir a lança acutilada...

e em magistrais estocadas,

criar fantasmas errantes,

e, assim, fecundar o nada...

e desse amor, depois, gerar a arte!

(Tadeu Paulo - 2006)

Tadeu Paulo

Publicado no Recanto das Letras em 19/01/2007

Código do texto: T352149