QUESTÕES ABSTRATAS

Em cada verso eu me escondo de mim

Em cada palavra suprimo a minha dor

Por não saber suportá-la com mais força

Por não saber onde mora o meu sorriso

Em cada lugar eu me vejo perdido em labirinto

E de um jeito incorrigível, eu existo,

Mas não sei se o tempo me pertence

Ou se eu pertenço ao célere tempo

Em cada sombra eu me vejo andando quieto

Acompanhando as emoções deste meu peito

E resvalando em fios de soberania

Que um dia qualquer eu quero ter

Eu sou, ou estou, eu fico, ou vou

Meu amor é meu mar de sonhos impossíveis

Meu amor é meu existir em linha reta

Num círculo de afeto e verdade

Não sei se meu pensamento me pertence

Ou se eu pertenço ao meu pensamento

Só sei que concordo com o que penso

E discordo por não saber pensar

Em cada lapso de observância de mim

Eu me descubro além daqui e de lá

E no vão por entre as estrelas

Eu navego pelo verniz absoluto do existir.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 21/01/2007
Código do texto: T353946