Perigo! Inveja mata poesia.

A alma coroada de espinhos,

Foi duramente pregada na cruz;

Atingida por inimigos estranhos,

Desses que apedrejam a luz;

Passou por tormentos extremos,

Mas ressuscitou como Jesus...

Restam marcas daquela batalha,

Contra solidariedade dos maus;

Incomoda-lhes cada centelha,

Flores singelas, atacam com paus;

Sumidos os rasgos vermelhos,

Do gato poliglota que falou au aus...

Meia dúzia de poemas de amor,

Que foram assassinados comigo;

Por esses não adianta remar,

Subi no barco, mas não consigo;

Quando nos dão pedras a comer,

Não dá para tê-las por figo...

Com o tempo chaga desaparece,

E tempo é bem que temos, farto;

Com ele, pra uns, saber aparece,

E que apareça ao tal, não descarto;

Por ora, o poeta inda convalesce,

E o filósofo leva flores no quarto...