Às vezes

Às vezes eu queria ser simples

Queria acordar e não esperar

nada do mundo.

Nada do mundo!

Vejo as máscaras e a sociedade é feia.

Às vezes eu queria ser pássaro e voar...voar

Ir para outros caminhos

Não consigo...

A alma marcada brilha como máscaras venezianas

Não sei se estes pensamentos são meus.

Às vezes eu queria a clareza de mais um dia convencional:

acordar, escolher qualquer roupa, alguém para amar num dia tranquilo...

O dia convencional cansa, tédio.

Prefiro o árduo, o esgotamento, a estrada latejante e perigosa.

Às vezes eu queria ser simples como a máscara do bate-bola

Ser colorida, ter cola e purpurina...ter cara feia!

Mais eu sou Pierrot com meu olhar triste...

Tenho contradições"tenho ideais, gosto de cinema"

Eu não conheço a Colombina...

Eu não fui a Veneza...

Às vezes

Queria

SER simples e não

ser fragmentos.

Queria que o mundo me tragasse

Mas sou questionamento

Desregramento e Espanto!

Não tenho purpurina e tenho máscaras

Que emergem sem que eu queira...

Que se adequam sem que eu queira...

Que me protegem sem que eu queira...

Que me destroem

Sem

Que

Eu Queira!

Às vezes eu queria ser simples.

Carmem Maria Carvalho Bastos
Enviado por Carmem Maria Carvalho Bastos em 07/06/2012
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