UM LAMENTO EM SURDINA.

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Ouço os passos da noite como desatinada,
E gemo. É o bater das asas do tempo,
Enquanto escrevo palavras magoadas,
O coração soluça com frio, no momento.

Canções que geram cinzas frias,
Que me ronda, para me fazer chorar,
Neste enregelado tormento, enquanto,
Dolente, o céu se alaga com o luar.

O vazio agora sugere uma lembrança,
Recordo-te, vem, já é hora de dormir,
Que noite macia, sem ninguém comigo,
Invade-me subitamente a ância de partir.

E surge a visão do amor; alegre, doce,
Uma onda de volúpia, a escuridão anima,
Imerge no ar calado, quebrando, assim,
No silencio; um lamento em surdina.

SALVADOR. 18//09//2012
DOCE VAL