(Er)Remos
Ao encontrar meu caminho torto por essência
Descobri que navegava em corredeiras distintas,
Distraído de remo na mão
Sem notar que ao lado havia um remanso
Manso e só,
Onde tu navegavas...
Em minha jangada mal trançada
A água invadia todo o casco,
E desesperado eu a expulsava
Repulsivo de nascença
Foi assim que tive minha crença.
Em meu altar bento
Algumas imagens sacras sempre altivas
Refletiam minhas dores,
E em suas eternas flores
Me livravam de seus espinhos.
Nos percalços deste rio caudaloso
Lá em frente à cachoeira despenca
Dissipando parte de suas águas
Ao vento,
Refrescando o intelecto
De quem espera sob a sombra daquela árvore
A chuva fina de um fim de tarde.
Nas minhas orações
Sempre pedi proteção e fé
E mesmo andando a pé
Percebi que nessa margem
Vi muita água passar,
Muitos barcos a navegar
E alguns cansados da jornada
Deixaram de remar...
Ao encontrar meu caminho...