Fim de Espetáculo

Um dia tudo isso deixará de existir

Todas as lembranças serão cinzas

Esquecidas sobre o pó dos móveis

Largadas ao cunho do tempo.

As fotografias esquecidas

Já amareladas pelo tempo insistente

Que faz tudo sumir indomitamente,

Infinitamente.

Aquelas lembranças de um verão qualquer

O tempo cruel fez questão de apagar

De vez das minhas memórias

E findaram-se todas aquelas belas histórias...

Todas estavam guardadas na gaveta de minha mesa

Hoje já carcomida pela ação devastadora dos cupins

Despedaça aos poucos todos os papéis

Arquivados sem ordem cronológica.

Meu léxico se esvai aos poucos

Sinto apagarem – se minhas últimas visões cadenciais

Deste corpo sem viço

Desprendendo – se da matéria.

Aos poucos meu desapego desaparece

Num devaneio lúdico se desgarra

E se vai, cerrando assim

A imensa cortina do tempo sobre mais um espetáculo.