UM ESTRANHO EM MIM

Vivo os meus dias com um desconhecido

Que me força a ir aonde eu não quero,

Que me compra coisas de que não preciso,

Que me obriga a ouvir vozes que não tolero,

Que, se me rebelo, fica escondido.

Ando pela vida com um completo estranho

Que me rouba o sono, e me traz pesadelos,

Que me traz lembranças que eu tinha apagado,

Que me esconde rostos quando quero vê-los

Que faz de uma brisa um vendaval tamanho.

Vago pela estrada com quem não conheço,

Que me desafia, e zomba de mim

Que me faz sorrir com olhos de tristeza,

Que, querendo um não, me obriga a dizer sim,

Que me impõe o fim quando era só o começo,

Criatura estranha que em mim se escondeu,

Devolva-me os sonhos e o sabor da vida.

Permita que eu chore se a hora é de dor,

Deixe-me, depois, curar a ferida

E, antes da partida, saber quem sou eu.

Everton Falcão
Enviado por Everton Falcão em 29/11/2012
Código do texto: T4011382
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