Homo Contabilis

Transparecemos modernidade

Acomodados em geringonças fumacentas

Somos espectadores de um tempo agitado, temporal

Enxergamos cada pingo resvalador

E palhetas guardiãs dançam seu vai-e-vem

Filas de pensamentos, que se espremem, engarrafados

Presos nas instâncias do nunca

Num breve tempo, da ociosidade vão se revelando

Enquanto isso, no compasso de nossos corações

No ritmo do inflar e desinflar de nossos pulmões

Transformamos a sobrevivência num amontoado de estranhices

Para nada viver

Sem saber, afinal, por que choro

Nem por que chora esta chuva sobre mim

Dedico-me somente a contar e contabilizar

Conto cada segundo, cada hora, cada dia

Contabilizo perdas e ganhos, tudo

Em tudo, percebo cifras e quantidades

Sou um minúsculo ponto no mapa, estático

Permaneço incomodado, e acomodado

Transformando o tempo num amontoado de horas, minutos, segundos

Um passar vago, vazio, sem nada entender

(Em 12.06.2010)

Aluísio Azevedo Júnior
Enviado por Aluísio Azevedo Júnior em 31/12/2012
Reeditado em 31/12/2012
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