Mal-ditas e obscuras linhas
Queria escrever algo diferente
Porém, as mesmas confusas ideias
E as mesmas desconexas palavras
Voltam a fazerem-se presente aqui.
Quisera eu saber falar de amor
Quisera eu saber falar de sonhos
Quisera eu saber expressar
Ainda que gritando
Aquilo que em mim arde
E dói em silêncio
Aquilo que eu nem sei o que é
Nem onde localiza-se
Só sei que é aqui dentro
Em algum cantinho escuro e descuidado
Das vísceras sentimentais
Empoeiradas pela própria solidão
E enegrecidas pelas próprias e indecifráveis ideias
Que insistem em não demonstrarem-se claras
Tornando-me refém das esmiuçadas palavras
Que perdem o sentido
A cada verso escrito
A cada estrofe desajeitada
Arrematadas com este frouxo laço
De mal depostas letras
E de dúvidas que excedem a capacidade
De entendimento
Daquela que vos escreve.