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Amargos Desejos
 

 

Dentro dos olhos,

Queria a imagem de tudo o que existe,

Como quem possui e absorve

Como quem nunca foi triste!

 

Desejo de possuir e guardar

Como se fosse possível

Abraçar tantas coisas

Em uma só vida!

 

Queria todas as flores,

Todos os pássaros,

O céu e as nuvens

Que com o vento, passavam...

 

Queria agarrar entre os dedos,

Segurar sem soltar...

Esquecia-se do medo,

Dos dias escuros 

Em que só a luz bastaria!

 

Fugindo da própria noite

Escurecendo o dia,

Achando que as pedras e pilastras,

As fontes, os rios, as casas,

Os livros, as terras, as palavras

Salvar-lhe iam 

Das garras do nada!

 

E as esperanças alheias,

As vidas alheias,

Pisoteadas 

Nas calçadas amargas!

 

Queria ter, possuir, selar,

O fogo, a terra, a água, o ar,

Que nunca seriam o bastante

Para conter tanta agonia!

 

E a pequena criatura

Que sob o sol, se movia,

Tentando apenas viver,

- Pisoteada!

Em meio a tanta amargura

Sob  botas tão pesadas!

 

Ah, nada é o bastante

Para quem, o tudo,

Transforma em nada!

 

 

 

 

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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 29/04/2013
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