SE (If)
Ah! se eu tivesse tudo que almejo
Se entrasse nos becos e vilas
Nas Bahamas e no Além Tejo
Nas ruas vistas nos filmes
E por meses e vezes sonhadas
Estandarte ou mote não me faltariam
Querer o que não se tem é como buraco negro
Absorve toda a luz e matéria
E continua lá negro e imaterial
Marcharia , bandeira na mão
Como se fosse voar de balão
Na Capadócia
Terra de São Jorge guerreiro, meu irmão
Se saciasse todas as vontades
Morasse em mais de cem cidades
Roma, Paris, Paquistão
E se fosse além do que o espelho reflete
Ombros largos e queixo quadrado
Igualzinho aos artistas do cinema da esquina
Casado com uma atriz pequenina
Mera atriz de teatro de revista
Primeira pra mim entre as meretrizes
De olhos miúdos e vestido puído
De tanto viver
De tanto rodar pelas esquinas
De tanta viagem entre o irreal e o chão
Que dos palcos me olhasse
Com olhos de súplica
E eu do alto da minha pseudo- impunidade e soberba
Bocejando na minha quinta semana de estreia
Pudesse olhá-la como um cachorrinho pidão
Faça de novo! Faça de novo!
Fingindo, fingindo, fingindo
E ela já sem calma
Cansada da minha encenação
Faria de novo, again and again