Hélio

Assistia ao noticiário

Tive vontade de mudar o canal

Ouvia o som dos ratos

Avançando sobre nosso queijo

Enquanto as víboras

Se contorciam em seus ninhos

Fustigando seus próprios corpos

Por que tudo é sempre tão igual?

Que geração esta escola vai formar para vida?

Meia dúzia de shoppings e milhares de consumistas?

A areia escoa pela ampulheta.

Quantas frações ainda temos?

Já não sou tão jovem

Ainda assim tenho muita fome

Gostaria de queimar o mundo

Com uma chama que nunca iria se apagar

Dizimando as pragas que castigam os campos e que ceifam a vida dos anjos

Olho para o céu desejando que minhas asas cresçam o suficiente para me elevar acima da cidade para vê-la queimar

Há jogos os quais eu não devo jogar

Por isso pintei dias ensolarados

Assim mesmo, enfrento grandes tempestades

Ambiguidades escarlates

Cumprimentam meu duelo

Energia

Espinhos

Combustível

Chama e o pavio

Mas, ainda me prendo a minha auréola

Guardo bem minhas moedas e sementes para compra a beleza para minha família

E no futuro testemunhar minha simetria

Talvez isso possa me salvar

Me transmutar em hélio

Ou algo ainda mais espetacular

Leonardo Moura
Enviado por Leonardo Moura em 17/05/2013
Reeditado em 17/05/2013
Código do texto: T4295762
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.