Hélio
Assistia ao noticiário
Tive vontade de mudar o canal
Ouvia o som dos ratos
Avançando sobre nosso queijo
Enquanto as víboras
Se contorciam em seus ninhos
Fustigando seus próprios corpos
Por que tudo é sempre tão igual?
Que geração esta escola vai formar para vida?
Meia dúzia de shoppings e milhares de consumistas?
A areia escoa pela ampulheta.
Quantas frações ainda temos?
Já não sou tão jovem
Ainda assim tenho muita fome
Gostaria de queimar o mundo
Com uma chama que nunca iria se apagar
Dizimando as pragas que castigam os campos e que ceifam a vida dos anjos
Olho para o céu desejando que minhas asas cresçam o suficiente para me elevar acima da cidade para vê-la queimar
Há jogos os quais eu não devo jogar
Por isso pintei dias ensolarados
Assim mesmo, enfrento grandes tempestades
Ambiguidades escarlates
Cumprimentam meu duelo
Energia
Espinhos
Combustível
Chama e o pavio
Mas, ainda me prendo a minha auréola
Guardo bem minhas moedas e sementes para compra a beleza para minha família
E no futuro testemunhar minha simetria
Talvez isso possa me salvar
Me transmutar em hélio
Ou algo ainda mais espetacular