O poeta

Seu desígnio é observar absorver

Ser todos sendo ninguém

Ele é escriba, sem opinião, usando de todas as opiniões.

Viajando tranquilamente de mente em mente

Seu êxtase é ter todas as versões em suas mãos em seu papel

Desenha sentimentos em forma de símbolos adequadamente, com a destreza de formar o belo.

Sem abrir mão do feio, expondo sem pudor o que choca, pois não lhe diz respeito.

Nada lhe prende

Tem alma livre, presa em seu observatório.

Escondido atrás de sua obra fortalece-se

Sem ela é nu, é frágil é fraco.

Serve-se de ilusão de sombras de nuances

Vai ao âmago

Aproveita-se do farto das sobras

No silêncio de seus pensamentos elabora suas linhas

Brinca com elas, muda de humor de cor de imagem.

Como rocha posicionada, presencia as águas correntes chocarem-se ao seu encontro.

Arrebentando-se espumando, voltando a outra tentativa.

Imóvel ao choro das águas segue seu prazer, sua alegria.

Em paixão plena e eterna, leva em seus arquivos um amontoado de emoções.

Divide orgulhosamente e generosamente sua obra

Mas não sabe o caminho do seu próprio coração.

Lyra 15/02/007