CASA DE BONECAS
Eu sou uma criança
Em meio aos adultos
Sofrendo por ter
Crescido depressa
Perdi a inocência
Perdi a pureza
Perdi a alma
Por amor cresci
E agora vejo
Uma infância dissipada
Não estou preparada
Para outra dessas experiências
Tenho tendências
Suicídas
Homicídas
Passionais
E depressivas
Não quero mais nada
Quero minhas bonecas
E minhas brincadeiras
Pare de me forçar
Não quero experimentar
Mais um segundo sequer
Da vida adulta
Quero retornar
Ao útero materno
Terno
Meigo e acalentador
Sem dor
No escuro
Um muro
Das lamentações
Sensações
Coloridas
Na infância
Rapunzel
Beijos infantis
Selinho
Que não tive
Conto de Fadas
Com espadas
Aladas
Amores todos
Cada um
Um pedaço
Embaraço e nudez
Dessa vez
Mais só
Onde estão meus oito anos?
Ciganos
Roubaram
Não restou
Um segundo
De inocência
Fundida
No cérebro
Azul
Príncipe Erick
Apareceste muito tarde
Agora arde
A senilidade
Sou uma criança
Que cresceu antes da hora
Agora
Retorno
Vacilante como passos de bebê
Ingênua nunca fui
As agulhas doloridas
Da emoção tão acirrada
Razão que nada desfaz
Loqüaz
E o que resta
É o medo
É o pejo
É a tontura
Pare de me tratar como adulta
Me trate como eu sou
Sem vocês estaria bem
Largada na minha ignorância
Querendo ser adulta
Mas sem provar da dor
Lancinante
Angustiante
Do ser
Escolho não ser!
Escolho morrer!
Quero o inferno
Onde repousam
Almas de crianças más.