Balaio De Amor

Vem do balaio de gatos
Ou dos balaios de milhos
Dos olfatos e tatos
Ou das composições sobre trilhos

Vem voando nas planícies dos sonhos
Nas correntes dos ventos incoerentes
Ou nas esquisitices dos planaltos
Debulhando em lágrimas sementes

Arando os sonhos feito um trator
Desnivelando como fosse um platô
Prendendo-me num labirinto de dor
Deixando-me automatizada, um robô

Fazendo-me assim Colombina sem Arlequim
Um Pierrô sem Colombina que chora
Sendo um bobo da corte tentando rir de mim
Num baile à fantasia querendo ir embora

Eu Colombina em ser quase concubina
Vivendo sem combinar em fantasias
Uma ilha de mim com a cabeça na guilhotina
Sem meu Arlequim perdido em melodias

Montei um cenário que desconheço
Um ser legendário uma figura mística
E nesse lirismo que me vejo e padeço
Reconheço-me tolamente altruística

Vivendo num balaio de poemas líricos
Desenrolando os novelos como os gatos
Perseguindo os desejos em sonhos mágicos
Esperança que incomum possam ser verídicos...
Sonia Gonçalves