Infortúnio Poético
Nos meus dedos, infortúnio é poesia.
Não há histórias cruéis do dia a dia
Que não possam ser poetizadas.
Talvez, sem palavras adocicadas;
Talvez, sem heróis ou vilões;
Talvez, sem cérebros ou corações.
São humanos os infortunados,
Pobres meninos agoniados
Que por meus dedos circulam.
Eu sei, que seus males não curam
O meu egoísmo de escrever.
Também sei (e não queria saber),
É que de nada – nada mesmo! Valerá
O que dos meus dedos sairá.
Seja infortúnio, mesmo sendo poesia;
Passará pela mais densa agonia
De morrer sem nunca ter sido lido.
O infortúnio alheio é assunto já ido.