Mesmo que anjos tenham umbigo

Mudei de século,

Moldei o crédulo,

e passei a sonhar com as Valquírias.

Vi um mundo sem máscaras,

sem muita diplomacia.

Eis as tardes que caem

afogadas em grandes bacias.

Eis as mães com suas filhas

fazendo de alvo o profícuo.

Delineei o passado

no caso mais que perdido.

Etiquetei os bandidos

ao som de música clássica.

Para um espanto em vão,

bandeiras viram fogueiras,

e as duras madeiras de lei

amarrotam o nosso irmão.

As fidúcias rasteiras,

já velhas, trapos manchados,

silenciam os zangados,

servindo de panos de chão.

No auge da contradição

os ouvidos não ficam entupidos,

ecoam os belos grunhidos,

do cão são da imaginação.

Eis o século moderno

de horizontes pintados,

em pergaminhos eternos,

e jovens audaciosos e belos:

- nos banquetes,

nos sovacos,

as baguetes.

Haverá um menino

e tornar-se-á bem sabido,

verá tudo se repetindo:

- sem dono o umbigo quer briga.

Sorridente - indiferente,

e a alcunha de sobrevivente,

sentará feliz lá na praça

jogando milhos pras garças:

- o umbigo no meio da barriga.

André Anlub®

(4/10/13)

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