O Que Nega – O Falso Poeta
Qualquer lembrança para qualquer detalhe
Na minha cabeça, ficar relembrando é o que vale
Insistindo em guardar isso tudo no coração
Para chorar, morrer, sentir saudade... Essa é a razão.
Por que guardar essa falta, vazio, solidão?
Sobra tanto desejo de voltar, reviver a emoção
Qualquer coisa me faz lembrar de tudo
Trazê-las à tona e para o mundo soltar meu grito mudo
Detalhes, mínimos, que pra você hoje nada mais presta
Um cheiro, luz, sabor ou sensação
Pois qualquer coisa especial no momento em que acelera o coração
É uma inspiração na vida do poeta.
Um pulso luminoso cósmico, repentino
Assusta e faz o caleidoscópio vir com a melodia
Lembro-me de como me sentia antes quando cantava o sino
E comparei hoje vendo o azul do céu no fim do dia
Escuro e diferente, como eu sinto agora aqui ouvindo
Trouxe-me a dor da diferença
Na cabeça e no peito uma doença e uma doença
Só a diferença é que esse céu de agora é lindo
Vejo e guardo sem notar para que depois eu novamente veja
Pois qualquer coisa, a mínima que seja
Se na hora foi especial, independentemente se depois trouxe a guerra
Sempre é uma nova idéia na mente fértil do poeta.
O som, a luz, o mar, o vento
Registrado tudo em cada documento
Fazendo às vezes voltar aquele sentimento
Tentando saber de onde vem agora o sofrimento
Da loucura à guerra, traição
Mudança falsa, mudança, surpresa, paixão, ilusão
Comparo o tempo, o clima, a linha do caderno
Até quando ficarei aqui nesse caos eterno...
Vejo cada estilo, cada anotação secreta
Cada lembrança guardada me faz sentir a falta por lembrar
Pois em cada acontecimento bom, o que você nega eu vou guardar
Pois cada detalhe ignorado é uma inspiração, no doente coração, do eu poeta.