A cor da poesia

Branco é branco

preto é preto

Inútil tentar enganar,

inútil esconder o sol

inverter a cor.

O branco ao sol é branco

o preto à luz é preto

O sol existe, eu sinto

e quando não está

o céu é cinza.

Cinza; nem branco, nem preto

apenas cinza.

Quando o céu é cinza duvido,

outras cores dão margem ao erro

me sinto iludido, confuso, perdido

quem sabe feliz

Mas o sol volta feliz

e tudo volta em branco e preto

e não há como fugir do preto,

não como voltar ao branco

Não há como tornar o preto , branco

não há como tornar o branco , preto.

A vida é branca e preta

A morte é preta e branca

Vida e morte são brancas e pretas

Estão juntas as cores, a morte e a vida

são desiguais.

As outras cores morrem na morte

é branca ou preta

As outras cores vivem na vida

Mas não há contradição,

não tem como disfarçar

já não tem como inverter

Mas a palavra, a retórica

dos donos da terra

contam a história invertida

onde o preto é branco

e o branco é preto

Mas branco é branco

preto é preto

pobre é pobre

rico é rico

Podem inverter... que ai vem a nossa poesia lúcida

em branco e preto.

Pablo Mendes
Enviado por Pablo Mendes em 22/04/2007
Reeditado em 24/04/2007
Código do texto: T460092