DA PAZ

DA PAZ

Não quero crer

que a paz renasça

dos canhões silenciados,

pois os corações minados

anseiam

por novos projéteis.

Recuso-me a acreditar

que ela ressurja

de tratados,

ou de acordos

de inteligência

de uns poucos

iluminados...

Creio, antes,

na paz de flores

se guardando

singulares,

a se revelarem

nas manhãs

em gala e festa;

e na mansidão

dos jacarés,

que se espreguiçam

nos pântanos,

esquecidos do homem

e de suas lanças.

E, sobretudo,

creio na paz

que transcende ao beijo,

e nas mãos

que erguem do chão

um ser sucumbido

ao peso de sua cruz.