Um cantar sem fim

Hoje acordei com um aperto no peito

Era uma sensação tão estranha, que a vontade era deixar rolar

Lágrimas ou palavras, ou mostrar o que há por trás dos olhos meus.

Juro que tentei entender, o que passava em meus sonhos

Que não deixavam meu corpo descansar

Nem mesmo pude lembrar-me de passagens esfumaçadas.

Só vinha a minha mente, os olhos enfeitiçados

Outrora hipnotizados, por um lábio de carmim.

Talvez a “bifrost” que ligava esses dois mundos

Fora cortada por uma lança flamejante

Ou bloqueada por um gigante de gelo,

Impedindo o que outrora chegava até mim.

A sensível e passageira âncora de nossos sentimentos

Formou, ainda que brevemente, belos fractais

E cristais que iluminaram nossas áureas

Por isso, quando acordei, meu peito estremeceu

O corpo gelou-se por inteiro

E aos poucos, fui compreendendo o que aconteceu.

Encontrei-me, no centro de uma galáxia, no olho dum furacão

Yin-yang entrelaçados na dança da vida,

Formavam um vórtice sem fim.

Meus pensamentos, qual passarinho preso na gaiola

Gorjeando um cantar sem fim.

Esperando anoitecer de novo, para buscar a liberdade.

Nem a papoula poderia aliviar esse aperto

Porque ele independe só de mim

Na dança cósmica da vida

O compasso é simétrico e a energia entrelaçou-se

Em nossa consciência, como uma teia de cetim.

Se eu fosse passarinho livre, voaria até o jardim

Para deixar uma semente do sentimento que há em mim.

Se eu fosse um Elemental, mandaria borboletas

Para dançarem entre sonhos levando ao caminho

Desse arco-íris sem fim.