Abismos
Não evitarei meus abismos
Nem minhas noites insólitas
Deitada no fio dos gumes
Se eu tiver que usar sapatos
Que sejam rasos no meu caminhar sereno
Não quero meu ofegar na inclinação do plano
Mas o registro de cada queda
E que seja portanto sem memórias
Não quero ceder ao pudor ou estranhar as repetições
Não quero forçar a nada
Nem mesmo a minha salvação
Onde arrastei todas as águas
E todas as pedras
Tomando todo cuidado para não apagar as marcas
Das páginas disfarçadas de id
Onde a única consequencia
É morrer na vertigem
Por não saber dosar o momento.