Abismos

Não evitarei meus abismos

Nem minhas noites insólitas

Deitada no fio dos gumes

Se eu tiver que usar sapatos

Que sejam rasos no meu caminhar sereno

Não quero meu ofegar na inclinação do plano

Mas o registro de cada queda

E que seja portanto sem memórias

Não quero ceder ao pudor ou estranhar as repetições

Não quero forçar a nada

Nem mesmo a minha salvação

Onde arrastei todas as águas

E todas as pedras

Tomando todo cuidado para não apagar as marcas

Das páginas disfarçadas de id

Onde a única consequencia

É morrer na vertigem

Por não saber dosar o momento.

Adriana Magalhães
Enviado por Adriana Magalhães em 30/04/2014
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