*DEPRESSÃO*

Consciente da depressão, não pode se entregar ao seu estado desanimador, pois, somente ela sabe do que acontece.

Seu exterior é um disfarce, para que não desconfiem do calamitoso interior.

Sabendo das suas obrigações de dona de casa, não pode deixar de lavar e passar as roupas, cuidar da casa, mas como, se lhe falta ânimo e tropeça a cada instante, dentro da própria casa?

Quando sai à rua, sente-se estranha, parece que anda de lado, e não sente os pés tocarem o chão.

E na hora do almoço, o que dizer, quando a família sentada ao redor da mesa espera pelo momento sagrado das refeições e ela não ter cumprido com a sua obrigação, de todo dia?

Como encarar cada um daqueles homens famintos, pela necessidade normal do Ser humano, de fazer nos horários certos as suas refeições.

O que dizer quando cada um entrar, abrir a porta do quarto e vê-la deitada no escuro.

Com toda certeza irão afastar as cortinas e abrir as janelas, completamente desconfiados, sem entenderem o que realmente está acontecendo.

Nessa circunstância, é impossível se entregar completamente à depressão e, por isso o jeito é manter as aparências e ser uma depressiva consciente que deve reagir, ainda que sem vontade e, continuar a viver tropeçando nos seus próprios pés.

Sonia Barbosa Baptista

06/08/14

Sonia Barbosa Baptista
Enviado por Sonia Barbosa Baptista em 06/08/2014
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