TRÁFEGOS
enrubescem horas
quando se larga palavras
em tom de pele
pra transpirar um poema.
espalha-se seda
pro vento ir rasgando
até alcançar o último tom
da madrugada
deixando orvalho umidificar
sentidos porosos oriundos de
minhas
tuas
sequidões
rotas desconexas
para aonde seguem versos
com línguas espichadas
de um cão sem coleira
atrás de sombras ou veios d’águas
ou de um caminheiro
que se faça seu dono.
lambe próprias pegadas,
sem que rabiscos lhe matem a fome.
enrubescem os turnos revirados
quando se amontoam na pauta
o calor das vestes doadas
de quem não se
importa
de entregar todas as palavras
ficando com a nudez
exposta.