SONETO DE UMA PARAGEM
O Sol se põe atrás do prédio ao lado
e cá estou na minha varanda
já meio cabreiro por estar lendo, calado
quando uma voz diz baixinho: "anda."
"Passo por passo, anda!" - insistiu.
Mas meu isqueiro não tem gás suficiente - retruquei.
''Visto a quantidade de cigarros na mão dessa gente
então não são só seus pulmões que estão doentes''
disse e foi, junto a sua voz mansa e educada
subiu na bicicleta e tanto a tanto
forçou cada pedalada...
Cá estou na minha varanda;
já nem sei o que passei,
só sei que a ciranda anda.