SONETO DO CHÃO
Vazio qualquer, singular
aspereza do confuso espaço
estriado que vem me cercar
com um metafísico chão de aço.
E pesa-me o passar, o ir, o devir,
e tento-me saber quem ri,
dentro de mim, do vão olvido
em que tanto e tanto me cri.
Rasteiro, nada vi, e reconheço
o grande mundo por um punhado
singular de terra que semeio e mereço.
Pulsante e cru no vazio
microfísico das palavras, meço
a pisada em que me rio.