O amaldiçoado

Todos esses dias que minha vida tem se segurado são contados como perda de tempo e como um caminho mal traçado.

O amaldiçoado é bem dito e o mal dito é bem falado.

O bendito nem sempre é abençoado em seus ditos e todos esses cordéis escritos em papel, foram rasgados.

Queria falar de mim com clareza, e talvez, não coberto por um eu-lírico.

Mas é necessário cobrir com beleza o que é horrendo, pois nem tudo o que é tesouro é rico.

Quero falar de um demônio oculto, um que invade minh’ alma.

Não se expulsa com palavras um demônio surdo, mas com palavras sem temor expressadas.

Asas, asas, asas....

E assim a liberdade vem desta forma de contar. [Escrita]

Desta forma de ler. [Calado]

Desta forma de fugir. [Parado]

E de me esconder. [Trancado]

Não espere que minhas palavras sejam cantadas.

Não são para os anjos cantarem amém e nem para os demônios roubarem as almas.

Elas devem ser lidas com respeito, como a profecia de um poeta louco.

Agora dê três batidas com os pés no chão e três toques num tronco oco.

Igor Improta
Enviado por Igor Improta em 10/12/2014
Código do texto: T5065546
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