Uma metamorfose que não muda

Mais uma vez venho falar de tudo o que eu não queria ser, viver ou sentir.

De tudo o que por horas me atormenta e que por meses me sustenta!

De tudo o que sou carente, de todo este mal que me fascina!

Das coisas que eu reclamo, boa parte é culpa minha.

Dos erros que me perseguem às minhas noites de agonia.

O que devo fazer para mudar o que não se muda dentro de mim?

Se não posso me fazer mudar, posso tentar viver assim!

Esqueci de você, esqueci dos livros que devo ler,

das poesias para redigir.

Esqueci de parar de cultivar flores tão feias no jardim.

Mas não esqueci de mim... ainda não!

Eu como o pão de cada dia que o diabo vem amassando,

É o que me alimenta todos os dias, assim posso continuar caminhando.

Deus não precisa enviar maná se o que eu como me alimenta,

Eu ainda sou forte para aguentar a agressividade da tormenta.

Isso não quer dizer que não doa...

Veja como a dor é aliviada, como um efeito de morfina,

Causada pela viagem, que não é muita longa, mas parece que nunca termina!

Vinte e poucos anos caminhando e seguindo achando ser o dono do mundo.

Mexendo no lixo, estando, sendo, falando, escrevendo imundo.

Estes são versos soltos por que nasceram de uma história muito presa,

Contos chatos de se ler, de muita bosta e pouca riqueza.

Homenageando aquele outro poeta eu o tento absorver.

“Prefiro ser essa metamorfose ambulante...”

E é por isto que ser eu dói tanto. Eu queria ser, mas eu não consigo mudar!