poesia
a poesia é um assalto à mão armada
sempre me aborda de súbito
no meio da rua
nos restaurantes lotados
no meio do banho
e atira no meu peito
à queima roupa
rouba tudo de mim
leva as coisas inomináveis
as hipérboles
os eufemismos
as horas, os toques, os cheiros
me deixa ensanguentada no chão
toma minha alma
me faz inestancável ferida
e, por tanto me matar
me devolve a vida.