Maria apanha. Maria da Penha.
Maria apanha.
Apanha!
Apanha!
Apanha!
Maria da Penha.
Da Penha!
Da Penha!
Da Penha!
Maria apanha.
Apanha!
Apanha!
Apanha!
Maria da pena.
Maria da pena!
Maria da pena!
Maria da pena!
Da pena mesmo
É ver gente que ainda acha
Que Maria é conivente.
Que Maria é qu'é safada.
“ Ah! ta com ele por que quer,
talvez goste de apanhar”
Até quando?
Até quando vamos julgar
Aquela que nunca merece ser julgada?
Até quando vamos dizer
Qu'ela gosta de sofrer calada?
Quem cala consente uma porra!
Quem cala é que sente.
Quem cala é que sofre.
Quem cala tem é medo.
Nunca culpa.
Culpado é quem viola
O corpo de uma mulher.
A mente, a alma, o corpo
de quem quer que seja.
Culpado é o agressor
Nunca a agredida.
Culpado somos nós
Que insistimos nesse conceito
De culpar quem não tem culpa
E dividir a punição.
Perdoe-nos, Maria.
Precisamos evoluir
Parar de dizer que seu corpo
Tem um dono, por ai.
Seu corpo não tem dono.
Seu corpo não tem dano.
Seu corpo é seu.
E só seu.
Seu corpo é céu.
E bendito seja
O fruto da vossa mente.
O verso do vosso ventre.
Bendito sejas tu!