Maria apanha. Maria da Penha.

Maria apanha.

Apanha!

Apanha!

Apanha!

Maria da Penha.

Da Penha!

Da Penha!

Da Penha!

Maria apanha.

Apanha!

Apanha!

Apanha!

Maria da pena.

Maria da pena!

Maria da pena!

Maria da pena!

Da pena mesmo

É ver gente que ainda acha

Que Maria é conivente.

Que Maria é qu'é safada.

“ Ah! ta com ele por que quer,

talvez goste de apanhar”

Até quando?

Até quando vamos julgar

Aquela que nunca merece ser julgada?

Até quando vamos dizer

Qu'ela gosta de sofrer calada?

Quem cala consente uma porra!

Quem cala é que sente.

Quem cala é que sofre.

Quem cala tem é medo.

Nunca culpa.

Culpado é quem viola

O corpo de uma mulher.

A mente, a alma, o corpo

de quem quer que seja.

Culpado é o agressor

Nunca a agredida.

Culpado somos nós

Que insistimos nesse conceito

De culpar quem não tem culpa

E dividir a punição.

Perdoe-nos, Maria.

Precisamos evoluir

Parar de dizer que seu corpo

Tem um dono, por ai.

Seu corpo não tem dono.

Seu corpo não tem dano.

Seu corpo é seu.

E só seu.

Seu corpo é céu.

E bendito seja

O fruto da vossa mente.

O verso do vosso ventre.

Bendito sejas tu!

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 01/04/2015
Reeditado em 02/09/2015
Código do texto: T5190851
Classificação de conteúdo: seguro