QUANDO A SENTINELA SE DESCUIDA

Há dias em que só vemos

o portão cadeado a nossa frente,

o gesto que vai além de nosso alcance,

o amanhã que não quer nascer,

a flor que secou antes de desabrochar,

ou o caminho que rejeita nossos pés!

Mas há outros e sempre os haverá,

em que novos ares parecem secar todas as lágrimas,

a sentinela à nossa porta se descuida,

surge uma uma fresta na parede por onde entra a luz!

E uns perfumes novos no ar de primavera se insinuam,

acordam-se as flores que teimam em voltar todos os anos,

vão-se as amarras que se gastam pelo tempo,

dão-se uns olhares que se cruzam por acaso

e uns deslumbramentos com que não mais sonhávamos,

um dia amanhecem conosco e nos convidam a abrir as janelas.

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 09/06/2007
Reeditado em 06/04/2008
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