sobre (a falta de) lirismo

Vi meu lirismo amordaçado

Sufocado por mãos que já não me tocam

Emudecido por lábios que há muito deixaram de me beijar

Cegado por olhos que ainda me olham, distantes

Mas já não podem me enxergar

O lirismo, que sempre me foi tão importante

Que nunca precisou de semântica

Pra se explicar

Os versos, que sempre me foram constantes

Fluindo, da alma pros dedos

sem nunca se negar

Nunca precisou de métrica

Nunca pretendeu nem rimar

Sempre surgiu involuntário

como água, a escoar

Pelas minhas paredes, já sujas

Que nunca ninguém ousou limpar

Me deixou agora, no escuro

Sem nenhuma palavra a me contemplar

Foi embora com tudo de bonito

Que já não consigo lembrar

Mas enquanto os sentidos não voltam

Continuo, segura, a caminhar

Desenhando novos caminhos

Aprendendo a ressignificar

Keuri Caroline
Enviado por Keuri Caroline em 27/05/2015
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