Gotas de Silêncio
Gotas de silêncio
Minutos de consciência,
Aonde eu silencio
Para ter ciência.
Da primeira essência
Da qual tudo faz parte,
Cada fenômeno em potência
Existe, rompe e parte.
Silêncio é o que há
Por trás de todo som,
Numa escala de Fá
Ou em cromática sem tom.
Dentro dum sentimento bom
Ou d’alguma angústia sem par,
Inexistem acordes deste acordeom
Nem espumas nas ondas do mar.
Silêncio é o vazio,
Vácuo, nada, coisa sem nome,
O que o homem não definiu
Toda palavra aqui some.
Música em partitura
Beijos de lábios solitários
Luz que faz ternura
E ilumina imaginários.
O silêncio é a palavra secreta
Eloquente mensagem de Deus
Que chega à mente desperta
Para os desígnios e alentos Seus.
Dentro do turbilhão sonoro
Arrefece, existe o imperceptível,
A distância tênue que adoro
Naquele evento invisível.
Que a massa rude,
Ignorante não vê,
Não ouve, se ilude,
Por isso venho escrever.
Tudo aquilo que passa
Por deveras vezes despercebido,
Gotas de fumaça,
Silêncio retraído.
Cujo tilintar dos pensamentos
Representa a imutabilidade,
O tempo e seus desdobramentos
São eternos em cada verdade.
Silenciosos avançam
Sem licença,
Arruinosos balançam
Uma velha crença,
E nesta desavença
Levantamos a voz...
Mas não reverbera,
Nesta infindável foz
Do Rio Primordial,
Apenas o silêncio assevera
Todo conhecimento Universal.
Hilton Boenos Aires.
28 – Julho – 2015.
Caruaru – Pernambuco.