A Luta

Primeiro round

Preso as cordas sou alvejado

Jabs, diretos, ganchos

Golpe após golpe

Mantenho a guarda alta

Resisto, Insisto, Persisto

Mas a adversária é forte

Teus punhos pesados

Um cruzado rompe minha guarda

E atinge meu rosto

Beijo a lona

Ouço a contagem

Não posso vencer

Mas me levanto

E sangrando a encaro

Ela sorri

A vida sorri

E cerrando os punhos

Volta a atacar

Quinto round

Sétima vez que caio

Sétima vez que me ponho de pé

Não aceito a derrota

Mesmo sendo inevitável

A cada vez que levanto

A platéia chia

Me ofende

Me xinga

Me finjo de surdo

Sou alheio a ela

Naquele lugar

Dentro daquele ringue

Só estamos nós dois

Só existimos nós dois

Sem apoio, sem juízes, sem regras

Somos apenas nós

Um novo golpe

Caio outra vez

Décimo round

A luta está no fim

O branco do ringue

De rubro manchado

Ergo a cabeça

E fito teus olhos

Que brilham em vermelho

Excitados pelo prazer

De cada soco

Cada ataque

Meu sangue jorra

Mas permaneço de pé

Teimo em prosseguir

Ela não me derruba mais

Aprendo a apanhar

Começo a bater

Décimo segundo round

Último round

Ela agora está nas cordas

A platéia em silêncio

Agora é meu momento

Desfiro golpes

Dez, Cem, Mil

Apenas continuo batendo

Sem descanso, ou técnica, ou talento

Só com a força de meus braços

Eu a sujo com meu sangue

A sujo com meu suor

Eu continuo batendo

Apenas continuo batendo

O sino toca, a luta acaba

E ali permaneço

Então vou ao chão

Derrotado

Minha adversária me observa

Sem nada dizer

Ela não comemora

A vida venceu

Mas a vitória é minha

Rafa de Paula
Enviado por Rafa de Paula em 09/11/2015
Código do texto: T5443510
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.