Angústia

Já não sinto angústia como angústia, mas como algo devora a si mesma,

Já não sinto angústia das luzes da cidade e dos sons dos carros,

Já não é barulho da multidão enlouquecida sabe-se lá de quê que incomoda,

Já não é a morte no sinal ou mais um prisioneiro que foge da prisão,

Já não é o medo da morte, nem a falta de dinheiro ou trabalho,

Já não é o noticiário da TV, nem a hipocrisia da igreja,

Já não é estar acompanhado se sentido sozinho,

Já não é estar sozinho com tanta gente ao redor.

Já não é a angústia sozinha que me faz temer, mas aquilo que espero.

Já não sinto a angústia do hoje, mas como algo que nunca vem, porventura está.

Já não é o medo da angústia, mas o horror de não querer senti-la.

Já não sei se ela é necessária, porém, grita-me um desejo de algo maior.

Já não sei o que é essa angústia, mas sinto que é falta - falta de quê?

Já não sei explicar, e talvez seja exatamente isso: querer explicar.

Já não sei o que quero, mas sei, não como, porém sinto.

Já não é angústia agora, mas uma luz que me invade,

Já não é por mim mesmo, mas algo de precioso que essa luz me traz.

TAS
Enviado por TAS em 17/11/2015
Reeditado em 17/11/2015
Código do texto: T5451932
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