Relevo
Essa sina amarga de montes e vales,
Às vezes me soa meio sarcástica até;
Pra certas raias me sobram cavalos,
E em outras, tenho que correr a pé...
Desse para suprir lapsos com sobras,
Assim, aprovar ao destino por média;
Não poria pés ao alcance das cobras,
Iria mais devagar, mas, teria rédeas...
Vai que o relevo que a figura lembra,
É necessário malgrado gerar mágoas;
Monte abriga do vento, e dá sombra,
os vales canalizam o curso das águas...
Considerando agora, após o barulho,
Entendo bem essa dupla necessidade;
Pois, se a fartura nos tenta ao orgulho,
carência conduz ao átrio da humildade...
Bom senso pega a conclusão e timbra,
alguma coisa trabalhou entre orelhas;
a poesia é flor suave que dá na sombra,
e o vento sem anteparo, arranca telhas..