<TRILHOS>Pássaros livres

Pássaros livres

Desnudo, de peito aberto,

rompi grilhões,

aboli cárceres,

libertei pássaros, de canto mudo

que nunca me pertenceram

(nem hão de me pertencer...)

nesse leve desprender,

deixei que batessem asas

e qu'eles ganhassem o mundo;

qu'eles aprendessem o chilreio

e que encontrassem outro canto...

contudo, nesse entremeio,

quem ficou forro fui eu...

Em meu coração fecundo,

refloresci-me em jardins,

de vida me perfumei

pra outros pássaros pousarem,

pra me respirarem

e, pra depois, se inspirarem

compondo livres gorjeios...

como imensos verdes campos

estarei sempre aberto

pro pouso e pro esteio

e pra partida também...

no mundo

tudo me é alheio,

nada é de nada ou ninguém,

nenhum canto me pertence...

ser livre é o que nos convém!