Tempo, tempo - o que será
O tempo se esvai ora lento, ora qual brisa vaga matutina.
Risco o calendário e tudo parece tão simples, tão obvio!
Mas os sábados são velozes e poucos e os domingos cruéis.
Tal como sou, mulher forte, intensa mas frágil. Sou menina.
Invento um sonho e o persigo com garra e até determinação.
Gasto minutos, horas em quimeras criadas, o ponteiro gira.
Antecedo-me e conto. Vários dias! Todos vagos e ausentes.
Como sina, como o carma que não creio. Firo e curo o coração.
Com autossuficiência assustadora, necessito da contrapartida.
Sinto-me agora com nove anos, minguada e intensa. Ansiosa!
Com o senso do real extremo. Perguntava-me: De que adianta?
Inda assim sonhava. Hoje esse real permanece em mim, tímida.
Permanece o turbilhão de pensamentos da infância ainda agora.
E de lá pra cá, o que se destacou foi ele, o tempo. Sereno e fatal.
Todos os dias esperando que o tempo pare, quando eu for lá fora.
E traga de lá um sorriso, um abraço um “não sei quê” que é o real.
E o que vira depois? O que tempo? Senão a continuidade de ser.
Senão o acostumar-se com o que vier.
Senão o “assim tinha de acontecer”
Senão o que queremos,
Senão o sonho,
Senão o teu
Não.
25/08/2016 - a.m