Tempo, tempo - o que será

O tempo se esvai ora lento, ora qual brisa vaga matutina.

Risco o calendário e tudo parece tão simples, tão obvio!

Mas os sábados são velozes e poucos e os domingos cruéis.

Tal como sou, mulher forte, intensa mas frágil. Sou menina.

Invento um sonho e o persigo com garra e até determinação.

Gasto minutos, horas em quimeras criadas, o ponteiro gira.

Antecedo-me e conto. Vários dias! Todos vagos e ausentes.

Como sina, como o carma que não creio. Firo e curo o coração.

Com autossuficiência assustadora, necessito da contrapartida.

Sinto-me agora com nove anos, minguada e intensa. Ansiosa!

Com o senso do real extremo. Perguntava-me: De que adianta?

Inda assim sonhava. Hoje esse real permanece em mim, tímida.

Permanece o turbilhão de pensamentos da infância ainda agora.

E de lá pra cá, o que se destacou foi ele, o tempo. Sereno e fatal.

Todos os dias esperando que o tempo pare, quando eu for lá fora.

E traga de lá um sorriso, um abraço um “não sei quê” que é o real.

E o que vira depois? O que tempo? Senão a continuidade de ser.

Senão o acostumar-se com o que vier.

Senão o “assim tinha de acontecer”

Senão o que queremos,

Senão o sonho,

Senão o teu

Não.

25/08/2016 - a.m

Camila Cabral
Enviado por Camila Cabral em 25/08/2016
Código do texto: T5739535
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.