Te juro que não entendi.

Metade de mim é ausência

A outra metade um labirinto

Percorro dentro de mim

Sem novelo mágico de ouro

Ou sequer uma bússola

Me mordo, mastigo e me cuspo

Às vezes digiro tudo de uma vez

Outras vezes lanço o intragável

Já engolira tudo seco outrora

Agora há veneno para me auxiliar

Não sei se é solidão ou saudade

Talvez seja apenas a vaidade

Ou a loucura que me guia

Que me afasta do teu querer

Por mais que me aproxime

Por mais que insista ou exista

Exala o perfume doce da incerteza

Por quem vivo, porquanto vivo

Sem motivo ou rumo

Ando por onde a brisa me parece mais fria

Caminho pela sombra soturna da madrugada

Esbarro em corpos seminus

Atrevo-me, bebo, uso corpos alheios

Como banquete ou como suporte

Raras iguarias, raros desejos.

Tite Beserra
Enviado por Tite Beserra em 20/10/2016
Código do texto: T5798000
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