Te juro que não entendi.
Metade de mim é ausência
A outra metade um labirinto
Percorro dentro de mim
Sem novelo mágico de ouro
Ou sequer uma bússola
Me mordo, mastigo e me cuspo
Às vezes digiro tudo de uma vez
Outras vezes lanço o intragável
Já engolira tudo seco outrora
Agora há veneno para me auxiliar
Não sei se é solidão ou saudade
Talvez seja apenas a vaidade
Ou a loucura que me guia
Que me afasta do teu querer
Por mais que me aproxime
Por mais que insista ou exista
Exala o perfume doce da incerteza
Por quem vivo, porquanto vivo
Sem motivo ou rumo
Ando por onde a brisa me parece mais fria
Caminho pela sombra soturna da madrugada
Esbarro em corpos seminus
Atrevo-me, bebo, uso corpos alheios
Como banquete ou como suporte
Raras iguarias, raros desejos.