Amores que dormem.
Não sei do que se trata.
Só sei que gostaria de falar de amor.
Na verdade, o amor me parece muito santo,
muito reservado, convêm compara-lo com
uma coisa leve, como uma briza calma e permanente.
Meu desejo confundiu-se então
com a paixão. Que de missa nada tem.
Paixões, pelo menos as minhas, foram de matar.
Mas nunca mataram. Fazem parte de mim,
e não me ensinaram nada de proveitoso.
Qual o sentido de projetar um canto voltado para eles?
Só o vício e um pouquinho de saudade.
Ah, que riso bobo ao me lembrar das lágrimas
que dançavam no meu rosto quando recordava-me
desses amores tão covardes, tão franzinos
e que mesmo sem saberem eram de fato
minha fonte de inspiração.
Acabaram-se? Nunca mais?
Juro que não. Só dormem.
Serenos e sem pressa.