Amores que dormem.

Não sei do que se trata.

Só sei que gostaria de falar de amor.

Na verdade, o amor me parece muito santo,

muito reservado, convêm compara-lo com

uma coisa leve, como uma briza calma e permanente.

Meu desejo confundiu-se então

com a paixão. Que de missa nada tem.

Paixões, pelo menos as minhas, foram de matar.

Mas nunca mataram. Fazem parte de mim,

e não me ensinaram nada de proveitoso.

Qual o sentido de projetar um canto voltado para eles?

Só o vício e um pouquinho de saudade.

Ah, que riso bobo ao me lembrar das lágrimas

que dançavam no meu rosto quando recordava-me

desses amores tão covardes, tão franzinos

e que mesmo sem saberem eram de fato

minha fonte de inspiração.

Acabaram-se? Nunca mais?

Juro que não. Só dormem.

Serenos e sem pressa.

Mirela Lourdes
Enviado por Mirela Lourdes em 22/11/2016
Reeditado em 09/03/2017
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