Eu te vi

Eu te vi,

Eu te vi!

Você me olhou, e eu também.

Para mim, o mais profundo amor sincrético.

Para ti, a apatia corriqueira.

Seus cabelos dividem-se como o universo partido.

Parte terra, parte lava, escarlate!

Seus olhos sangram, mas só eu posso ver.

Eu sei de tudo, eu sei, eu sei!

Jogo-te a corda, e você a escala.

Alcança-me e joga-me no abismo.

É escuro aqui, não posso enxergar.

Mergulho mais fundo, só piora!

É sujo aqui, dentro de ti.

Deixa-me limpar teu sótão empoeirado.

Pois viemos do pó, e por isso somos humanos.

É belo aqui, apesar de tudo.

A carne funde-se à dor, a dor te move adiante.

Pois esta é a tua força!

Pois isso faz de ti o ponto brilhante no vácuo cinzento.

E é para isso que vives,

É para curar-nos de nossa ingratidão.

Rafael Gonçalves
Enviado por Rafael Gonçalves em 05/05/2017
Reeditado em 05/05/2017
Código do texto: T5990768
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