Eu te vi
Eu te vi,
Eu te vi!
Você me olhou, e eu também.
Para mim, o mais profundo amor sincrético.
Para ti, a apatia corriqueira.
Seus cabelos dividem-se como o universo partido.
Parte terra, parte lava, escarlate!
Seus olhos sangram, mas só eu posso ver.
Eu sei de tudo, eu sei, eu sei!
Jogo-te a corda, e você a escala.
Alcança-me e joga-me no abismo.
É escuro aqui, não posso enxergar.
Mergulho mais fundo, só piora!
É sujo aqui, dentro de ti.
Deixa-me limpar teu sótão empoeirado.
Pois viemos do pó, e por isso somos humanos.
É belo aqui, apesar de tudo.
A carne funde-se à dor, a dor te move adiante.
Pois esta é a tua força!
Pois isso faz de ti o ponto brilhante no vácuo cinzento.
E é para isso que vives,
É para curar-nos de nossa ingratidão.