Dissidentes ...

Aglutinando a paz e as gentes,

Andar célere e olhar atento,

Passa o mundo róseo e calado,

Fitando sob o céu ardente

Dissidentes passando ao lado.

Gentes que olvidaram a canção,

Que esqueceram o tom da poesia,

Tartufos de almas vazias

Mergulhados no ermo da urgia,

Da avareza e do pisar apressado,

Sem passado brotado do chão

Ou planado no ar da alegria.

Marchando sobre nuvens e lombra

Gentes agentes da sombra

Que assombra o verde cerrado

Com serras e a lei do machado,

Que mancham as marchas dos rios.

Gentes em castelos vazios

Lestas e austeros em vão,

Vão ávidos, segundo a segundo

E alheios, à margem do mundo,

Não o veem passar sem ruídos

Disposto a ofertar em penhor

Até ao sátiro agenciador de gemidos

Seu rosto azul “manchado” de amor.