"INVERSUS"
Nos inversos opostos, reversos supostos
Nos versos dispostos, supostos regressos
Nas mãos que me pisam, os pés que me alisam
Palavras que sangram, vomitam quem sou
Processos pregressos apontam-me o ter
Retrocessos diversos alinham-me ao saber
Deposto o sucesso, eleito o querer
Encontro-me no inverso de ser ou não ser
Sou pálpebras, olhos de íris sem cor
Homem sonoro, refém do supor
Aquém do segredo, um medo na dor
Sou pétala solta, que o vento levou
Dos versos, os verbos me escondem o pavor
Da onda gigante, que minha’lma levou
Maior Tsunami pagou quem comprou
Que a mente não engane e diga se vou
Sou pálpebras, olhos de íris vermelha
Peçonha de cobra, ferrão de abelha
O oculto no vácuo; a sã consciência
O inverso do avesso; o são da demência
Sou homem sem dose, mutante, sem cor
Essa metamorfose, pensante, quem sou? (...)
Alheio aos doze que Judas negou
Buscando sentido, pra vida na dor.