NOITE... desassossego

[ Noite ] 2

Lá foste tu, ó noite,

um céu de tempestade,

um tumulto nas ondas

e, de novo, a magnífica razão

de um pequeno esforço.

Mais foste o gesto inócuo

de me aconchegar

ao meu próprio espaço;

um deserto só meu, e como tal,

irrisório mas imenso,

ínfimo mas consagrado,

com desvelo, ao desassossego.

Lá foste minha, ó noite.

Mas que fizeste ao céu

ao traze-lo até mim

tão perto da minha terra

e da palma desta mão,

no extremo dos braços

abertos como asas

sem préstimo nem culpa.

Fizeste do céu um sufoco

para estes olhos vagos

onde tu mesma escreves

os meus sonhos.

Lá foste, noite,

para lá da janela

que só te pôde ler

e aos teus desígnios

que se voam na alma

como um qualquer,

teu, encantamento.

Lá foste... para que venha o dia

e me ensine um jeito manso

de te renascer.

______________________LuMe

Luis Melo (www.lumelo.com)

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 18/10/2005
Reeditado em 23/06/2018
Código do texto: T60824
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