Cerimônia do amanhecer...

Eu cubro a noite com as asas encurvadas de sonhos

E ouço o gemido nas glândulas de nuvens

cuja tempestade desperta

É tarde apenas para o dia, que se encerra

em ramos de sombra no céu

A madrugada ainda levanta

Sacudindo os cabelos

Moldando as ancas

para receber o sexo quente do universo

Me sinto um lobo, sentado, na chuva

Uivando sonhos em silêncio

Lambendo as bordas dos lábios da lua

Com a língua de fogo

Cubro a noite, com meus olhos entreabertos

feito o pôr-do-sol

Na meia-luz do poema que desnuda a carne

Sem ferir a alma, ainda tímida e suave

Qual desperta a pele intocada do amanhecer

Marco Túlio Schmitt Coutinho
Enviado por Marco Túlio Schmitt Coutinho em 21/10/2005
Código do texto: T61936