Regnu Noctem

Por que vens Dia?

E tu Alva, por que insistes em romper?

Deixai a noite reinar!

Ao menos por enquanto não venhas ofuscar

tudo que o manto negro revelou.

Deixai o vulto vagar à sorrelfa,

murino, sem que se o reconheça.

Deixai o idílico amante repousar

no aconchego das ondas da cambraia,

sobre o colo gracioso da donzela.

Deixai a dançarina continuar,

na fluidez de seus voluptuosos movimentos,

enebriando mais que o vinho.

Deixai o beijo continuar,

lento, suave, intenso, aguardando

o fatídico fim, anunciado

por um amanhecer que não chegará.

Deixai-me sob meu cobertor adormecido,

preguiçoso, com minha doce menina

deitada tranqüila, segura, em meu peito.

Deixai os sonhos, as esperanças,

as doces lembranças, os medos e receios,

os intensos anseios, a suindara a voar.

Deixai reinar, à noite.

Deixai a noite reinar!

Rodrigo Rosas
Enviado por Rodrigo Rosas em 28/08/2007
Reeditado em 28/08/2007
Código do texto: T627934