Regnu Noctem
Por que vens Dia?
E tu Alva, por que insistes em romper?
Deixai a noite reinar!
Ao menos por enquanto não venhas ofuscar
tudo que o manto negro revelou.
Deixai o vulto vagar à sorrelfa,
murino, sem que se o reconheça.
Deixai o idílico amante repousar
no aconchego das ondas da cambraia,
sobre o colo gracioso da donzela.
Deixai a dançarina continuar,
na fluidez de seus voluptuosos movimentos,
enebriando mais que o vinho.
Deixai o beijo continuar,
lento, suave, intenso, aguardando
o fatídico fim, anunciado
por um amanhecer que não chegará.
Deixai-me sob meu cobertor adormecido,
preguiçoso, com minha doce menina
deitada tranqüila, segura, em meu peito.
Deixai os sonhos, as esperanças,
as doces lembranças, os medos e receios,
os intensos anseios, a suindara a voar.
Deixai reinar, à noite.
Deixai a noite reinar!