Morfema

Os poemas que ficam à mercê do deleite

Redemoinham com semblantes amenos

Onde a demagogia se liberta dos desenlaces aceites

Como viga à plenitude do que se aceita em acenos

São os poemas que vagueiam no vagar da utopia

Levando-nos perante oscilações ignotas

Raras mas tão vulgares como quem copia

As índoles transcritas no talento de um bloco de notas

Poderosos escritos de palavras entrelaçadas

Que conseguem da sua interpretação um longo alcance

Como quem vagueia por entre o confronto e as vagas

À tocante quando se sente a beleza em relance

Vigias prolongadas à vocação em ser

Num rasgo, um impulso, um poema

Quando o poeta lança as palavras querendo crer

Que quem as lê as sente como suas a cada morfema

Rombos de agrado perante o relento

Que é ter a poesia suspensa na verdade quimera

Devaneios que se podem levar em sentimento

Quando a raiva se cega à poesia e a vida a venera

Como a predilecção e os castros rudes ao vislumbre

A poesia quando cantada pode ser morte e dor

Quando possuída à loucura do deslumbre

É a poesia que faz do momento o nosso ardor

Teófilo Velho
Enviado por Teófilo Velho em 31/08/2007
Código do texto: T632451
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