(Como que às avessas ) … … … Não ser...

(Vamos por partes:)

- Não ser poeta por desígnio

mesmo no desmentido

de quanto há de voluntário nos sentidos.

- Não ser poeta por decreto

como iluminura

de uma qualquer conjura

como nesga (mal) enjorcada

num pacto social.

- Não ser poeta sequer

por mera inerência do poema

- Não ser poeta

por mais que uma razão

e só a que emerge

de um mar de alternativas

só a que se arvora

para além da perda

para além de si mesmo

e, para mais,

no mínimo de tudo isso.

Sobretudo:

- Não deixar de ser poeta

por força ou fraqueza

de um qualquer fado

tampouco ou muito

por revelia ao extravio

do ser em achar-se

no que se fez próprio

até contraponto à fúria,

ao grito que vai mais alto

até em vão, até pelo absurdo ou não

de viver, sobrevivendo.

- Não deixar de ser poeta

ao sabor de uma quimera

ou à revelia da eternidade

mas em resfolegar na bolina

do que de mais bizarro

se puder desfrutar

em todo e cada verso.

- Não deixar de ser

nem poeta nem palavra,

e, assim mesmo, ser

farpa, limalha, esporo

de um pensamento

com igual valor

ao bater do coração

ao brilho no olhar,

nos rostos pretéritos amados

do todo residual

e do muito mais que issência

mas de presença

do preto no branco

do real e, como tal... (sorriso, por favor!)

... imaginário.

- Não deixar de ser,

mas nunca por nunca

deixar de ser o assombro

em que se geram

todas a cores e se proclama

o motivo exacto do fantástico

sem se profanar o silêncio

sem a contra-força da memória

nem a alavanca retorcida

de todos os futuros.

E nada mais se diga

não por deixar de ser

por se não dizer

o incogitável

mas porque o que fica

ainda será válido

para qualquer dia congénere

de um dia qualquer.

.

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____________________LuMe

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 01/06/2018
Código do texto: T6352863
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