A Noite

No sentir dos amantes,

Eterno esperar

No abraço ao vazio,

Clamor, chorar

Olhos necromantes

Mortos como d'antes

Insônia, minha enviada

Deslisar de ilusões

Mergulho em doces travessias

Noturnas e traiçoeiras poluções

Veios rompidos pela espada

Vultos dançantes na estrada

Anjos vinham antes ao homem

Boas-novas, linha descontínua

Vinde a mim, olhos desfalecidos

Desfaça-se a linhagem sanguínea

Portões crepusculares irrompem

Brumas só o tempo consomem

Vinde, ó andantes inânimes

Ouvi, caçadores das trevas

Aura de contos que odoram medo

Curas contêm vossas negras ervas!

Pois que vós, sombras infames

Sufocam-nos em braços pusilânimes

Turvos lençóis ocultando o luar

Sentinela a margear pântanos soturnos

És fétida guardiã da serpente sagaz

Espectro etéreo de escritos obscuros

Escuridão, quem te ousa os domínios penetrar?

Exceto aquele compelido a só matar?

Densa hora, excelsa neblina...

Olhos de coruja, mandíbula felina

A todos se encaminha, anjos ou demônios

Senhora que é de todos os sonhos

Eleva-me em vapores medonhos,

Suplicia-me com indizíveis açoites

A noite

A noite

A noite...

Isaque
Enviado por Isaque em 26/06/2018
Reeditado em 26/06/2018
Código do texto: T6374052
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